Persona, estou te grata!

Tenho uma personagem dentro de mim, que não sabe que é, que não afirma, sem querer, que é tão especial como todo o mundo.

De alguma forma, esta persona, acredita que precisa. Precisar é o seu nome do meio. Ela precisa saber, precisa de carinho, de atenção, de saber que é especial, de querer, precisa que algum mundo externo gire, de alguma forma em seu torno, porque ela não sabe que pode girar sozinha. Ela precisa de segurança, precisa de conflito para chegar a ter razão face ao outro.

Esta personagem tem os olhos esbugalhados sempre em busca de algo para conspirar contra si mesma, pois muitas vezes é assim que capta a atenção do outro. Por norma disfarçada de uma calma inacreditável, ela vive pousada e imóvel à espera que alguém surja no seu meio, de forma a viver aquela alegria e paixão que ela nao vai buscar á sua própria fonte. Sempre querendo cuidar de algo ou de alguém, habituou se a ser para os outros, aquilo que sabe tão bem discirnir, mas nunca para ela própria.

Devido a toda esta falta de algo dentro de si, pousou se numa torre qualquer, feita da sua própria carência, onde espera um tal outro encantado que faça da vida dela algo melhor manifestado. Em tempos tive pena desta personagem. Andei, com a persona vincada em mim, nas ações e nas palavras, nas emoções e no racionar, culpando o mundo externo por ter ferido em tanto esta pobre personagem.

Hoje foi o dia, em que a olhei nos olhos, aqueles cansados de tanto arreganhar, já ensanguentados por tanto pensamento desmedido de obsessões constantes. Fiz lhe frente e encostei lhe a minha testa a sua, penetrando no seu centro de dor, observando o quando ela se aproveitou deste meu corpo, como parasita sedenta do meu sangue.

Durante este tempo todo de inconsciência, dei permissão à minha própria possessão, dei asas para que as minhas emoções fossem governadas por esse tal ser que criei em mim, quando estava aberta a receber as experiências que mais tarde iriam talhar o ser adulto que um dia iria ser. E fui! Deixei me levar pelo poder que os outros me tiraram e para além disso fiquei intrinsecamente fechada a ver as coisas com os meus olhos verdadeiros, com a ação presa ao sempre precisar que não passou da carência, propriamente dita. Dei carta branca e fui essa persona!

Hoje abraço a, despeço me dela com o reconhecimento da sua importância para o meu crescimento e dou lhe o meu amor, libertando a de vez, vendo a no ar pairante onde se enfumaça em luz que a queima e a transforma, no passado que só no passado pode existir.

Autor: ineggers

Sobre mim falo, escrevo, penso, saio e colo me olhando para mim. Observo o que tenho de bom, o que posso melhorar e estudo bem os meus erros, com consciência, que apenas passo por aqui, nesta vida, moldando a minha alma a um corpo que desconheço. Auto-conheço, com o propósito de chegar ao equilíbrio, que vive em dois mundos: o que está dentro de mim e o que de fora me envolve. Choro quando sinto demais (bom e mau) e ergo me pensando no porquê do meu choro, daí vem a verdadeira magia do meu "estar". Resolvo tudo questionando com o "como?" para as soluções virem à tona com a simplicidade de um clique. Danço com e pela vida e manuseio as minhas capacidades em prol de um bem maior, e assim os meus sonhos estão pousados na intenção de construir um mundo melhor para o máximo de pessoas possível.

Uma consideração sobre “Persona, estou te grata!”

  1. Os fatos não importam, mas a impressão que eles nos deixam, como eles nos reviram por dentro ou como eles são recepcionados pelo nosso caldeirão de mitos interiores! Isso é o que nos leva a escrever, tentar encontrar uma linha de intersecção média e possívl entre esses dois mundos, de modo a que, embora havendo comunicação, e possibilidade de alguma compreensão, já nós somos um colóquio, que isso tudo esteja relacionado com o que, a rigor, não cabe em palavras, que isso tudo seja um jato criador da Beleza, que haure sua grandeza nos pântanos e nas regiões mais escuras do ser! Por isso que a Beleza está em ti!

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